A partir da observação da ausência de dados sobre microterritórios, surge o Observatório Ibira30, uma “think tank” que identifica suas necessidades enquanto território, a fim de avaliar os indicadores presentes em diversas áreas, como cultura, educação, economia criativa, assistência social, justiça, saúde e meio ambiente.
A análise destes indicadores pode ser base e justificativa na incidência em políticas públicas — considerando as mais variadas demandas geradas através da realidade da vida dos moradores de periferias — ou até mesmo a ampliação de políticas já existentes, mas que por diversos motivos não se aplicam em sua totalidade na vida das famílias moradoras do bairro do Jardim São Luis, berço do Jardim Ibirapuera, zona sul de São Paulo, onde o observatório atua.
A iniciativa é promovida pela organização Bloco do Beco e a Fundação Julita está presente na construção de metodologias que apoiam tecnicamente o Observatório, enquanto estruturação e elaboração das pautas e pesquisas. Atualmente, três colaboradores da Julita fazem parte do Ibira30, desenvolvendo ações que perpassam nos eixos de impacto, pesquisa e formação. Esses eixos correspondem a ações que já existem no território e sobre o seu impacto nele, além de observar possíveis temáticas para a geração de novas pesquisas e a formação do público que irá atuar enquanto pesquisadores na realização destas análises.
Para além disso, os colaboradores da Julita também atuam na mobilização e disseminação do Observatório no território do Jardim São Luis, espaço onde a Fundação fica localizada.
“Sair da ideia de pesquisa acadêmica e trazer a academia para o território e poder pensar sobre esses números é considerar a realidade dessas pessoas e pensar em políticas públicas que realmente façam sentido para a comunidade”, conta Wesley Pankararu, assistente social e coordenador no Núcleo de Avaliação e Monitoramento da Fundação Julita.
O estudo dos dados coletados sobre o cotidiano das vidas existentes em territórios periféricos é um assunto muito debatido por lideranças comunitárias, que observam a necessidade de produção de pesquisas que possam coletar informações de maneira efetiva sobre a realidade das pessoas que vivem nas periferias das cidades do Brasil.